O DOUTOR CAIPIRA
Sinto prazer por aceitar o meu convite
Pra conhecer o meu pedacinho de chão
Felicidade é o que agora me assiste
E lhe recebo com grande satisfação
Vejo a alegria que invade seu semblante
E o doutor entusiasmado até suspira
Deixando claro que no agito da cidade
Nesse seu peito bate um coração caipira!
Vou lhe mostrar as belezas do sertão
que na cidade não se ve nem se admira
sinta o cheiro do orvalho nesse chão
e a pureza desse ar que se respira
veja as luzes espalhadas sobre a relva
são pirilampos em perfeito vai e vem
na noite escura com ciumes das estrelas
pra convence-las que são estrelas tambem
O galo canta no romper da madrugada
E o cafezinho já ta quente no fogão
O sol levanta despertando a passarada
Pra mais um dia que começa no sertão
E o caboclo que não veste lã, nem linho
Pega o caminho pra cuidar da plantação
Leva o virado no fundinho da tigela
E o seu terno é de puro algodão
Nosso trabalho aqui é arduo o dia inteiro
O sol é bem quente, mas a chuva logo vem
É o dia a dia de um povo hospitaleiro
Essa é a origem que o brasileiro tem
Doutor eu vejo que as agua em seus olhos
Revelam a mágoa que do seu peito vem
E deixam claro que é doutor lá na cidade
Mas no sertão é um caipira tambem!
FIM DO JEITÃO DE CABOCLO
HOJE EU PUDE VOLTAR AO MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
REVIVER A JUVENTUDE, SOMENTE EM MINHA LEMBRANÇA,
TIVE DE NOVO NO SITIO, NA CASA DE ALVENARIA
MAIS NÃO VI OS PASSARINHOS, CANTANDO AO ROMPER DO DIA.
TAMBÉM NÃO PUDE REVER O PÉ DE MANJERICÃO,
NEM A CORRÍRA MORANDO LÁ NO OCO DO MOURÃO
O CERCADO DOS BEZERROS E NEM AS VACAS LEITEIRAS
TUDO AQUI FOI DESTRUIDO PELA INDUSTRIA CANAVIEIRA.
CAMINHEI PELAS BARRANCAS, DO RIB EIRÃO TAQUARI
NÃO TEM MAIS AS AGUAS CLARAS NEM TÃO POUCO LAMBARI
NÃO RESTA CARRO DE BOI, NEM MONJOLO, NEM MOENDA
SÓ SE VE CANAVIAL NA NOSSA VELHA FAZENDA!
NA VARANDA A TABUA GRANDE, JÁ NÃO TEM QUEIJO CURADO
E O GRANDE FORNO DE LENHA A TEMPOS FOI DRRUBADO
NOSSA RESERVA DE MATA LINDA FLORESTA FECHADA
DEU LUGAR AO CANAVIAL JUNTO COM A INVERNADA
TIVE REVENDO O SOL COM SEUS RAIOS TRISTEMENTE
SUMINDO ATRAS DA SERRA LEVANDO OS SONHOS DA GENTE
O PÉ DE DAMA DA NOITE E O MASTRO DE SÃO JOÃO
HOJE É SÓ UMA LEMBRANÇA NA MINHA IMAGINAÇÃO
NÃO EXISTE NEM UM JEITO PRA FAZER O TEMPO VOLTAR
POIS TUDO SE VAI COM ELE E ESSA HISTORIA VAI FINDAR
O TEMPO APAGA TUDO VAI CORROENDO AOS POUCOS
FINDANDO NO DIA A DIA COM MEU JEITÃO DE CABOCLO!
JEITO CAIPIRA
SOU CABOCLO NATO, NASCIDO NO MATO NO CHEIRO DA TERRA,
ROSTO AVERMELHADO PELO SOL QUEIMADO NO CALOR DA SERRA.
MEU CHAPÉU DE PALHA, MEU JEITO CAIPIRA ,
O QUE ME INSPIRA É O SOM DA VIOLA.
SOU FELIZ NA ROÇA NA VELHA PALHOÇA,
E A TELA DO MUNDO É A MINHA ESCOLA.
EU ACORDO CEDO CONHEÇO OS SEGREDOS DA MÃE NAUTREZA,
QUANDO O GALO CANTA O SOL SE LEVANTA COM SUA BELEZA.
O MUGIR DO GADO, E NO CAPIM DO ATALHO
AS GOTAS DE ORVALHO SÃO PÍNGOS D'OURO.
CHORO DA CASCATA NO MEIO DA MATA,
ACOMPANHA OS PASSAROS FAZENDO UM CORO!
O SOL DAQUI É BEM QUENTE, A CHUVA É PRESENTE DO BOM CRIADOR
A PLANTA FLORESCE A GENTE AGRADECE AO NOSSO SENHOR.
PELO PÃO NA MESA O NOSSO SUSTENTO,
O RICO ALIMENTO DO LAVRADOR,
QUE FAZ UMA PRECE E A DEUS ENGRANDECE
POR TER NESSE CHÃO A PAZ EO AMOR!
ASSIM É AVIDA DO HOMEM QUE LIDA NO NOSSO INTERIOR,
POVO HOSPITALEIRO, BRAVOS BRASILEIROS DE ALMA E DE COR,
SORRISO ABERTO E UM BRILHO NO ROSTO,
NA BOCA O GOSTO DO PÓ DO SERTÃO
LONGE DA CIDADE, MAIS TEM NA VERDADE,
ALEGRIA E FÉ NO SEU CORAÇÃO!